quinta-feira, 15 de julho de 2010

Centrais sindicais ligadas ao Governo formam "profissionais da mentira", diz Serra

Em discurso para sindicalistas da União Geral dos Trabalhadores (UGT), o presidenciável do PSDB José Serra procurou responder às críticas de centrais sindicais ligadas ao governo, que acusaram o tucano de ter mentido sobre sua participação na elaboração de leis trabalhistas.

“Nessa campanha se criou uma nova profissão, os profissionais da mentira”, disse após explicar sua contribuição na criação do seguro-desemprego e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). “É mentira, mentira, mentira, pra gente ficar desmentido a mentira”, continuou. “Mas o importante não é tanto a discussão com os profissionais da mentira, mas saber que às vezes a gente tira suco de pedra. Sem cobrar um centavo de imposto a mais, nós instituímos direitos dos trabalhadores muito amplos”, acrescentou, numa referência às aplicações do FAT.

No último domingo, cinco centrais sindicais – Força, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e Nova Central – divulgaram manifesto no site do PT acusando Serra de “impostura e golpe contra os trabalhadores”. Os sindicalistas alegam que o tucano mentiu ao dizer que foi o responsável pela criação do FAT e do seguro-desemprego.

Questionado após o discurso sobre quem seriam os “profissionais da mentira”, Serra afirmou: “Estão em praça pública. É só olhar e ver as mentiras. Essa do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Outro dia inventaram que eu ia acabar com concurso. Fiz 110 mil em São Paulo.”

FAT e seguro-desemprego

Serra esclareceu que sua participação na consolidação dos dispositivos incluiu o uso do PIS-Pasep para o financiamento do seguro-desemprego e a ampliação das aplicações do FAT. Ele explicou que o seguro-desemprego já estava na Constituição desde 1946 e lembrou que, embora tenha sido incluído no Plano Cruzado, de 1986, o dispositivo não “chegou a atender 16% dos desempregados de maneira satisfatória” por falta de fonte de recursos. Por isso, na Constituinte, procurou vinculá-lo ao PIS-Pasep.

“Fiz uma emenda em setembro de 1987 que foi acolhida praticamente na íntegra e que vinculou o PIS-Pasep ao seguro-desemprego e, além do mais, ao financiamento de investimentos do BNDES”, afirmou. “Isso foi aprovado. Isso é a base do que existe. Até o Almir Passanoto, que era ministro, mandou uma carta pro Ulysses (Guimarães) dizendo como era importante ter uma fonte de financiamento independente e estável para o seguro desemprego.”

Serra também atribuiu ao regimento do Congresso a acusação das centrais de que seria o ex-deputado Jorge Uequed, e não ele, o responsável pela criação do FAT. Segundo o tucano, dos três projetos apresentados para a regulamentação do FAT – que já constava na Constituição, só que com outro nome – foi o dele o que deu a configuração final para o fundo. “E foi feito como é no Congresso. Um relator que faz a síntese dos projetos, e quem apresenta primeiro carrega, mesmo que não tenha nada a ver, carrega sempre”, disse.

“Depois eu mesmo apresentei um projeto de Lei, que virou lei, permitindo que o FAT tivesse outras aplicações, inclusive no treinamento e qualificação.”

Foto: Márcio Fernandes / AE

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