segunda-feira, 5 de julho de 2010

Dilma se nega a dizer ao GLOBO " Por que quer ser presidente do Brasil"

O jornal convidou os três principais presidenciáveis a responder uma pergunta muito difícil, de caráter realmente transcendental: “Por que quero ser presidente Do Brasil?” A questão era lançada assim mesmo, na primeira pessoa, como se o presidenciável estivesse diante do espelho e se entregasse a uma reflexão a um só tempo política e existencial. Todos nós, creio, já nos deparamos com aquele “outro” refletido e nos indagamos sobre nossas escolhas, anseios, projetos futuros.

O tucano José Serra (aqui) e a verde Marina Silva (aqui) aceitaram o desafio. Vê-se ali uma grande interrogação onde deveria estar a resposta da petista Dilma Rousseff. O Globo informa:
“Desde o dia 10 de junho, a campanha da candidata Dilma Rousseff foi procurada para que ela respondesse a apenas uma pergunta. O convite foi reiterado diversas vezes desde então, mas ela se recusou a responder à pergunta, que seria apenas: ‘Por que quero ser presidente do Brasil?’”

Qual a dificuldade, afinal de contas, de responder a uma indagação tão simples quando se tem um exército de assessores? Eis o busílis: a proposta do Globo era que o candidato gravasse uma resposta de cinco minutos, sem a interferência de aspones e profissionais de mídia. Como diria a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da CNA, também o jornal queria “a resposta dos candidatos, não dos marqueteiros”. E aí Dilma pulou fora. Serra e Marina aceitaram gravar a resposta, e o jornal publicou uma síntese do que disseram.

É constrangedor saber que a candidata petista, empatada tecnicamente com o adversário tucano, tenha se recusado a responder.

Dilma tem evitado as sabatinas para as quais é convidada. Compreende-se o motivo: num formato com perguntas realmente livres, ela não controla o interlocutor e pode se deparar com indagações consideradas incômodas. Como ela está em construção, o PT não quer atrapalhar o trabalho dos engenheiros de gente. Mas o que há de arriscado numa pergunta fechada, de conteúdo previamente conhecido? Por que Dilma não aceitou gravar uma resposta de cinco minutos?

Dois fatores concorrem, parece-me, para que aquele ponto de interrogação tenha ido parar no centro da página. Um deles é a arrogância de sempre. Os petistas acham que não precisam “dar explicações à imprensa”, como se aquela indagação fosse parte de algum desafio, de alguma disputa. E é evidente que isso é bobagem. A imprensa só é um dos canais de comunicação que o candidato tem com a opinião pública. Mas o PT sabidamente não gosta desse negócio de “mídia livre”.

O outro fator está relacionado à complexa simplicidade da pergunta.Ela remete à questão da IDENTIDADE. A petista não tem como responder porque A DILMA QUE DISPUTA A ELEIÇÃO NÃO EXISTE, E A DILMA QUE EXISTE NÃO DISPUTA A ELEIÇÃO. Ou por outra: a candidata apresentada ao eleitor é uma construção da marquetagem. Foi preciso que ela deixasse de ser quem era para assumir, como já declarou Lula, o lugar de um “outro”. Ela já não sabe quem é. Por isso mesmo, não tem como enfrentar desafio tão simples. Sua resposta poderia se resumir a oito palavras: “Quero ser presidente da República porque Lula decidiu”. E isso encerraria toda a sua dramática verdade.

Goste-se ou não do que pensa e diz, Serra é autêntico. Não precisa se esconder. No dia 20 de abril, por exemplo, em entrevista a uma rádio de Pernambuco, estado que tem o MST mais violento do país, Dilma afirmou que jamais usaria um boné do MST porque governo não se confunde com “movimento social”. Em outra entrevista, aí a uma rádio de Uberlândia, no dia 23 do mês passado, criticou as ilegalidades do MST e afirmou que, num eventual governo seu, elas não seriam toleradas. No dia seguinte, foi ao Sergipe e discursou com o boné do MST na cabeça. No dia 25, encontrou-se com mulheres da alta sociedade paulistana na casa do empresário Abílio Diniz e reiterou seu amor pela lei e pela ordem. Quantas caras tem Dilma? Todas as que o mercado de votos pedir. E isso significa não ter nenhuma. Por isso mesmo, é incapaz de responder: “Por que eu quero ser presidente do Brasil?” Cinco minutos viram uma eternidade.

Com informações do Blog do Reinaldo Azevedo

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