quinta-feira, 15 de julho de 2010

Serra diz duvidar que trem-bala não tenha verba pública


Em entrevista no Rio de Janeiro nesta quinta-feira (15), o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, disse não acreditar que o investimento de R$ 33,1 bilhões para a construção do trem-bala entre Rio e São Paulo seja apenas da iniciativa privada, conforme previsto no edital para a realização da obra apresentado pelo presidente Lula na terça-feira (13). O tucano defendeu que, se houver dinheiro público no montante, a quantia seja usada para melhorias no transporte público em todo o país.

À Rádio Tupi, Serra também criticou a demora nas obras de preparação para a Copa do Mundo e a Olimpíada no Brasil e reafirmou que o governo federal deve se envolver em questões de segurança pública.

Acompanhe abaixo os principais trechos da entrevista:

Trem-bala - “O governo tem dito que o trem-bala é privado e custa R$ 35 bilhões (o edital divulgado no Diário Oficial da União orçou a obra em R$ 33,1 bilhões). Eu duvido. É coisa para mais. Com R$ 35 bilhões podíamos triplicar o metrô do Rio, fazer o de Belo Horizonte, de Salvador, que estão parados. (O trem-bala) Não tem uma demanda garantida. Se fizer o metrô até São Gonçalo, Itaboraí (região metropolitana do Rio) a demanda é garantida. Mas, neste caso, não tem número de passageiros. Eles esperam que tendo o trem o pessoal vai ser estimulado a viajar. Se tiver dinheiro público prefiro transporte coletivo, é o problema número um de todas as grandes cidade brasileiras. Com todo esse dinheiro dá para fazer uma revolução no Brasil ”

Olimpíada 2016 e Copa 2014 - “Tem que capacitar à cidade do Rio. Temos que tocar isso aí pra frente. O Rio tem que se preparar para ser o centro de espetáculo da Copa. Vou fazer um trabalho muito bem planejado, falar menos e fazer acontecer. Porque a Copa está atrasada no Brasil inteiro. Em matéria de aeroportos já estamos tendo um apagão e não vejo as coisas andarem. A Olimpíada exige mais da cidade do que a Copa. É a chance histórica para pagar uma dívida com o Rio, para que arrume o seu desenvolvimento urbano.”

Segurança Pública - "Os presidentes não querem entrar de corpo e alma porque é uma área produz desgaste. Em nenhum lugar do Brasil vejo gente tranquila. É preciso que o governo federal se envolva diretamente nas ações de segurança. Tem que criar um ministério da segurança que sintetize essa intervenção na área. A base do crime organizado é contrabando de armas e drogas, que chegam até por mar. Essa é a tarefa do governo federal, patrulhar as fronteiras. É uma coisa nacional. O governo federal tem que entrar com uma força permanente nessa área."

Cobrança do ICMS sobre o petróleo - “Primeiro não incidia o ICMS, um imposto estadual, sobre petróleo e derivados antes da Constituição, era só (imposto) federal. Segundo, a grande maioria dos estados não produz petróleo. Depois do Rio, quem mais perdeu foi São Paulo, porque exporta muito combustível para os outros estados e tem muitas refinarias. Eu como relator e o Francisco Dornelles como senador pusemos na Constituição os royalties, e hoje o Rio recebe aproximadamente por ano R$ 7,5 bilhões de reais graças ao que pusemos na Constituição.”

Medicamentos Genéricos - “Pretendo turbinar o consumo de genéricos, porque não cresceu tanto quanto podia ter crescido. Em países como Inglaterra, Estados Unidos, eles são quase metade dos medicamentos consumidos. No Brasil cresceu pouco, porque é produção privada, tem laboratórios públicos que produzem também. (A isenção de impostos) é a mesma que tem para todos os medicamentos no que se refere aos medicamentos de uso continuado para beneficiar os idosos, contra hipertensão, diabetes. Tiramos impostos federais. O genérico a população tem que conhecer melhor, porque é mais barato e tem rigorosamente a mesma qualidade do original."

Cartão magnético do SUS - “A ideia foi minha, inclusive por uma questão que não tem sido explicada. Hoje em dia muita gente vai de um município para outro para ser atendido. Mas o estado não recebe dinheiro a mais (para compensar a diferença de atendimento entre as cidades). Ou seja, estou prestando serviço para outro, mas não recebo dinheiro, o SUS local não recebe a remuneração. Tendo o cartão o problema se resolve na hora, faz uma espécie de câmara de compensação. Não é banal fazer isso, é uma coisa muito complexa que envolve o Brasil inteiro. Era um projeto para estar pronto em 2004, 2005. A partir de 2003 o Ministério da Saúde deixou de lado, porque tem muita resistência corporativa. Se eleito vou retomar na hora."

Saúde - “Nos últimos anos as necessidades foram muito para a frente, a saúde perdeu o pique, precisamos recuperar. Na Prefeitura (de São Paulo) criei as AMAs (Atendimento Médico Ambulatorial). Sabe o que são as Amas? A UPA (Unidade de Pronto Atendimento) que Cabral criou aqui no Rio, e é uma coisa boa. Fizemos essa experiência dois anos antes. Quero fazer no Brasil inteiro.”

Volta da CPMF - “É questão de ver o problema tributário como um todo. Se precisa de mais recursos, vamos fixar prioridades. Essa é uma questão que vai ser examinada no contexto de uma mudança tributária, se sim ou se não.”

Currículo - “Aprovei cerca de dois terços das emendas que apresentei (como deputado da Constituinte). Fui o mentor do FAT (Fundo do Amparo ao Trabalhador). Até as paredes do Congresso de Brasília sabem que fui eu que criei o FAT.”

Índio vice - “Primeiro porque queria alguém do Rio. Segundo porque tem experiência, disputou quatro eleições. E terceiro porque tem experiência administrativa. Quarto teve uma atuação destacada no Congresso e foi relator do projeto Ficha Limpa."

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