segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Estímulo à leitura, política de Serra


Tatiana Belinky, a grande escritora russa radicada no Brasil desde 1929, muitas vezes premiada por sua obra infanto-juvenil, já contribuiu muito para que milhares de pequenos brasileiros descobrissem o prazer nor livros. Certa vez lhe perguntaram: “Como fazer as crianças gostarem de ler?”, e ela respondeu: “A gente não faz, a gente deixa!”. Ela acredita que as crianças precisam sempre ter livros por perto, à disposição - e que não precisa muito mais do que isso para que elas se apaixonem pelo mundo que a leitura descortina.

Quem já viu crianças em uma biblioteca, livraria ou feira de livros sabe o quanto isso é verdade. O fascínio logo se manifesta e elas não demoram a descobrir algo de atraente. Atividades de contação de histórias também fazem o maior sucesso.

Ler é muito importante para o desenvolvimento de uma pessoa - e de uma nação. Com o desenvolvimento das tecnologias da informação, muitos apostaram, lá no começo da internet, em um declínio do papel da escrita e leitura. O cantor e compositor Gilberto Gil, um dos primeiros a festejar a Rede, apostava que não: “Até para conversar na internet as pessoas precisam escrever”. Ele tinha razão. E o cultivo do espírito crítico, da capacidade de compreender e analisar as informações recebidas, continua importante como sempre foi - ou mais, já que tantas coisas chegam com tanta facilidade e exigem atenção e critério.

Serra, ele mesmo apaixonado por livros desde pequeno, sempre se preocupou em incentivar a leitura e facilitar o acesso a todo tipo de publicações. Quando for presidente do Brasil, cuidará para que muito mais brasileiros tenham a deliciosa possibilidade de ler.


Biblioteca no Parque da Juventude - espaço de liberdade

Em fevereiro de 2009, José Serra inaugurou uma das obras mais atraentes de seu governo – a Biblioteca de São Paulo, localizada no Parque da Juventude. Seus 4.257 metros quadrados foram abertos ao público com 30 mil livros, mil audiolivros, mil álbuns de histórias em quadrinhos, jornais, revistas, 4 mil CDs e DVDs e computadores ligados à internet. Ela está integrada à comunidade e é dividida por faixa etária.

É um mundo novo, surpreendente, com espaços generosos, especialmente para o público infantil e para a juventude. O menino Pablo Ferreira não escondia a alegria ao contar numa reportagem de TV que aprendeu a ler aos cinco anos. Ele adora descobrir coisas novas nas estantes.

A obra custou R$ 12,5 milhões (R$ 10 milhões do governo de São Paulo e R$ 2,5 do Ministério da Cultura). Tem auditório, espaço de exposições e programas permanentes de promoção e incentivo à leitura. A biblioteca foi projetada para dar acesso integral às pessoas com deficiência. Serra assistiu entusiasmado às brincadeiras das crianças. O escritor Ignácio Loyola Brandão chamou a nova área de cultura paulistana de “grande espaço de liberdade, onde os jovens vão entrar, correr, conversar, brincar e até ler”.

A biblioteca tem uma verba anual de R$ 1 milhão só para comprar novidades e ampliar seu acervo. É tão atraente quanto as megalivrarias - mas é equipamento público de acesso gratuito.

Apoio ao Saber

Desde novembro de 2008, alunos do Ensino Fundamental e Médio de São Paulo recebem um kit com três livros de escritores brasileiros.

É o programa Apoio ao Saber, implementado por Serra no governo do estado. Os estudantes podem agora levar os clássicos para casa e aproveitar a leitura fora da sala de aula, além de compartilhar o gosto pela leitura com a família e os amigos.

“Eu não tinha livros em casa nem na casa de parentes. Mas ao terminar o 4º ano, a professora me deu um livro de Charles Dickens de presente, “Contos de Natal”, que é um clássico. A partir daí fui pegando o costume”, contou José Serra em entrevista sobre a importância da leitura na sua formação. “Até os 17 anos li toda a obra de Machado de Assis, até a correspondência”.

Os livros do programa Apoio ao Saber – um de poesia, um de teatro e um de narrativa - são entregues diretamente a todos os estudantes do Ensino Médio e do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental.

Em 2010, a Secretaria da Educação investiu R$ 56,1 milhões no programa, que adquiriu 10,6 milhões de exemplares. 3,3 milhões de alunos são beneficiados a cada ano. Entre os títulos adquiridos estão O Pagador de Promessas (Dias Gomes), Canto Geral (Pablo Neruda), O Quinze (Raquel de Queiroz), A Hora da Estrela (Clarice Lispector) e Eles Não Usam Black Tie (Gianfrancesco Guarieri), além de coletâneas de poetas como Mário Quintana, Cecília Meirelles, Cora Coralina e Carlos Drummond de Andrade. “É um projeto importante para formação de leitores, que ultrapassa os limites das nossas escolas, tendo como agentes os próprios estudantes", salientou, no lançamento, o Secretário de Educação.

Leituras do Professor

Assim como os alunos da rede estadual, 243 mil professores também recebem livros para levar para casa.

A iniciativa faz parte do programa Leituras do Professor, que visa incentivar a leitura e dar acesso a obras relevantes que contribuam para o aprimoramento pessoal e profissional do corpo docente.

Fruto de um investimento de R$ 5 milhões do Governo do Estado de São Paulo, o programa já distribuiu 729 mil exemplares.

Os professores recebem um kit com três títulos - um de poesia, um de teatro e um de narrativa. São dez kits diferentes que totalizam 30 títulos. Entre os livros estão Grande Sertão: Veredas (Guimarães Rosa), Morte e Vida Severina (João Cabral de Melo Neto), O Pagador de Promessas (Dias Gomes), De Moto pela América do Sul (diário de viagem de Ernesto Che Guevara), Histórias Extraordinárias de Allan Poe, Farenheit 451 (Ray Douglas Bradbury), além de antologias poéticas de Vinícius de Moraes, Mário Quintana e Carlos Drummond de Andrade.

"Estabelecemos uma política educacional focada no estímulo à leitura, visto que é uma prática fundamental para formação de nossos alunos, pois estimula a capacidade crítica, amplia a visão de mundo e o autoconhecimento", disse o Secretário de Educação do estado.

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