terça-feira, 17 de agosto de 2010

PT usa linguagem da direita no horário eleitoral gratuíto


O programa no PT não querer saber de maratona e de corrida de longa distância. É para resolver tudo já, para tentar liquidar a fatura no primeiro turno. Não medi o tempo, mas Lula ocupou pelo menos metade do programa. Na abertura, Dilma aparece no extremo sul do Brasil, com casaco de frio; ele, no extremo norte, em mangas de camisa. Um cientista social estrangeiro que ignorasse tudo sobre o Brasil, ao assistir ao programa e ler a legenda, concluiria nos dois ou três primeiros minutos: “Essa é a linguagem que a direita fala mundo afora”. Em vez daquele sotaque permanente que evoca a luta de classes, ainda que de forma subliminar, o programa pregou a continuidade de um país “com estabilidade; sem susto; sem conflitos”.

Não se fez, não por enquanto ao menos, uma só proposta objetiva, nada. A mensagem é uma só: Dilma é a continuidade. Está fundando o videoclipe do oficialismo. Os da minha idade e até os mais jovens devem se lembrar do Canal 100, aquele “jornal” que abria as sessões dos cinemas de todo o Brasil durante a ditadura militar: o mesmo triunfalismo, a mesma felicidade espelhada no rosto do povo. A linguagem foi modernizada. Digamos que o programa do PT na televisão eleve para a fase da orgia aquela permanente celebração do governo presente ao longo de quase oito anos na propaganda oficial e na das estatais.

Comentário de Reinaldo Azevedo no site da Veja

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