A “consultoria” de Antônio Palocci remete, inevitavelmente, a uma análise das palestras que, pagas a peso de ouro, vêm sendo proferidas pelo ex-presidente Lula. Defensivamente, e já de início, pode um petista pavloviano exclamar: “mas o Fernando Henrique também ganha dinheiro dando conferências!”
À primeira vista parece a mesma coisa: ambos nos governaram por oito anos, supostamente acumularam experiência de Brasil, vivência das questões econômicas, conhecimento do mundo. Logo, nada mais natural do que se dedicarem a orientar empresas, universidades, associações.
Mas as semelhanças acabam aí. E as diferenças começam a bradar: Fernando Henrique sempre se dedicou ao métier; Lula é neófito. Fernando Henrique, além das palestras, mantém contratos com universidades americanas e européias de primeira linha; Lula, não.
Fernando Henrique, sociólogo eminente, recomeçou suas conferências, tanto no Brasil quanto no exterior, num quadro político interno inóspito a ele e ao seu partido; Lula “descobriu” o filão exercendo, de fato, o poder, pois a presidente Dilma Rousseff lhe obedece as sugestões, mais do que as ouve.
Fernando Henrique é solicitado por entidades que pouco ou nada têm a ver com o Brasil; Lula, ao contrário, vê sua participação em eventos vinculados, quase que exclusivamente, a conglomerados que em nosso país atuam ou a países aos quais seu governo dirigiu alguma “bondade’.
Fernando Henrique, se e quando fala para uma LG, por exemplo, meramente lhe passa opiniões; Lula, poderoso na República atual, pode ser via de acesso a benefícios administrativos.
Já ouvi Fernando Henrique inúmeras vezes. Nutro, confesso!, uma certa curiosidade por saber o que Lula diz nesses convescotes de portas cerradas. Pagar por isso, não pagaria nunca. De graça, aceitaria o convite, se me garantissem o direito de perguntar.
Minha singela percepção: assim como a “consultoria” de Palocci nada tem a ver com o trabalho de Pérsio Arida, Gustavo Franco, Armínio Fraga, Pedro Malan, André Lara Rezende, Mailson da Nóbrega, vejo as palestras de Lula como uma montagem, uma farsa, um ato de ilusionismo barato do ambicioso prestidigitador.
Arthur Virgílio, diplomata, foi líder do PSDB no Senado
3 comentários:
É triste, deprimente, decepcionante constatar o quão prejudicial pode ser o oposicionismo profissional praticado por pessoas de quem se esperava, por sua história, um mínimo de bom-senso. A "análise" comparativa do Sr Arthur Virgílio sobre os palestrantes Lula e FHC contém doses inequívocas de preconceito. Pinça um cenário de total e artificial desfavor a Lula, enquanto superestima FHC. Não leva sequer em consideração dois fatos: um, o de que Lula não fabrica auss palestras, é convidado; outro, o de que palestra é conhecimento e conhecimento não tem patente política ou nacionalidade, sobretudo quando é proferida por alguém com a dimensão das lutas e dos pendores democráticos e libertários de Lula.
Faça oposição, Sr Arthur Virgílio, mas honre-a, qualificando-a, e não permita que o PSDB de Mário Covas se afunde na vala rasa e comum em que tenta enfiar todo o PT e todos os petistas.
Edson Moraes
Jornalista -
RG 159.498 SSP/MS
Campo Grande-MS
É triste, deprimente, decepcionante constatar o quão prejudicial pode ser o oposicionismo profissional praticado por pessoas de quem se esperava, por sua história, um mínimo de bom-senso. A "análise" comparativa do Sr Arthur Virgílio sobre os palestrantes Lula e FHC contém doses inequívocas de preconceito. Pinça um cenário de total e artificial desfavor a Lula, enquanto superestima FHC. Não leva sequer em consideração dois fatos: um, o de que Lula não fabrica auss palestras, é convidado; outro, o de que palestra é conhecimento e conhecimento não tem patente política ou nacionalidade, sobretudo quando é proferida por alguém com a dimensão das lutas e dos pendores democráticos e libertários de Lula.
Faça oposição, Sr Arthur Virgílio, mas honre-a, qualificando-a, e não permita que o PSDB de Mário Covas se afunde na vala rasa e comum em que tenta enfiar todo o PT e todos os petistas.
Edson Moraes
Jornalista -
RG 159.498 SSP/MS
Campo Grande-MS
Discordo do senhor Arthur Virgilio, o senhor Lula, o qual não tenho nenhuma simpatia, tem sim o que dizer, afinal ele foi presidente do Brasil. Sim, ele não é nenhum intelectual, mas e dai,mas não é por isso que pode classificá-lo de "neófito". Essa argumentação mostra um preconceito elitista. E é essa imagem que esta afastando o PSDB do povo. Podemos discordar, mas não desrespeitar. Lembrem-se, são os "neófitos" das diversas periferias das cidades que votam e eles não leem a "VEJA. Cuidado com que fala.
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