segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Números (muito) errados

A candidata do governo encolheu os números dos investimentos no governo Fernando Henrique e aumentou os números de seu governo. O fato é: ainda há muito por fazer. Serra vai acelerar de verdade o Saneamento no Brasil.
Em sua entrevista ao Jornal Nacional, quinze dias atrás, Dilma distorceu demais os dados referentes a Saneamento. Um jornal classificou o erro na categoria “não é bem assim”, mas ela usou um número que é mais de dez vezes menor do que o real, o que valeria uma classificação mais rigorosa (“mentira”).

O primeiro erro: a ex-ministra da Casa Civil disse que o governo Fernando Henrique “investia menos de R$300 milhões em Saneamento no país inteiro”. Imagine...

Só o Ministério da Saúde investiu R$2,33 bilhões em saneamento entre os anos de 1997 e 2001 (Serra foi ministro a partir de 1998). Desse total, R$ 1,22 bilhão foram para o Nordeste. Os estados do Sudeste receberam 14% dos recursos totais (R$ 330 milhões), pelo fato de já serem, na ocasião, mais bem atendidos por serviços de saneamento. Só a Bahia recebeu R$ 217,1 milhões para obras de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos e melhorias sanitárias domiciliares. O Ceará recebeu R$ 242 milhões.

Esses investimentos ocorreram dentro do Projeto Alvorada, que focou na melhoria das condições de vida das áreas mais carentes do Brasil usando o IDH como indicador. Foram desenvolvidas ações em 2.313 municípios, sendo 1.803 nos 9 estados do Nordeste: 100 em Alagoas, 399 na Bahia, 181 no Ceará, 204 no Maranhão, 218 na Paraíba, 173 em Pernambuco, 220 no Piauí, 151 no Rio Grande do Norte, 71 no Sergipe. A população desses municípios somava 32 milhões de brasileiros.

Havia três eixos de intervenção no Projeto Alvorada: Saúde, Educação, Renda e Desenvolvimento Socioeconômico. Ao Ministério da Saúde coube o desenvolvimento de projetos em duas linhas:

- Saneamento/Redução da Mortalidade Infantil (Abastecimento de Água, Melhorias Sanitárias e Esgoto) - Objetivo: reduzir a morbidade e a mortalidade infantil provocadas por doenças associadas à falta ou deficiência de saneamento.

- Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde - Objetivo: priorizar as ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde dos indivíduos e da família, de forma integral e contínua, por meio dos Agentes Comunitários de Saúde.

270? Não, 80

Dilma disse também no Jornal Nacional que, só na Rocinha, o governo federal teria investindo R$270 milhões em Saneamento. Errou de novo. Esse é o valor total das obras na favela, incluindo um complexo esportivo, um centro de saúde e uma creche. A Empresa de Obras Públicas do Rio (Emop), órgão do governo fluminense que acompanha as obras do PAC no Estado, informou ao jornal O Estado de São Paulo que a estimativa do valor a ser consumido com projetos de saneamento até o fim das obras do PAC na comunidade chegue a R$ 80 milhões. Parte desses gastos foi destinada à construção de infraestrutura de água e esgoto necessária para as novas construções, como as piscinas do complexo esportivo. É ótimo que a favela receba tais investimentos e equipamentos, mas o fato é que ela precisaria de muito mais do que isso apenas para atender à demanda já existente.

Segundo a vereadora Andrea Gouvêa Vieira (PSDB), da comissão de acompanhamento do programa na Câmara Municipal do Rio, o impacto das obras só pode ser visto em cerca de 3% da comunidade, que tem 100 mil habitantes. "As obras que foram feitas são maravilhosas, mas a Rocinha continua sendo um esgoto a céu aberto e o saneamento continua sendo o maior problema", avaliou.

Como disse Serra na Baixada Fluminense, Saneamento a gente vê na rua, não no discurso... Ainda existem 80 milhões de brasileiros sem acesso a sistemas de captação e tratamento. Ou seja, não é um problema aqui e outro ali, é uma deficiência brutal, inaceitável. Mais ainda para um país que há muito tempo conquistou sua estabilidade econômica e agora se gaba de estar prestes a entrar no clube dos cinco mais ricos do mundo.

O Brasil tem melhorado nas últimas décadas, é fato. Sobreviveu a crises políticas, como o impeachment de Fernando Collor, e crises econômicas diversas. Mas com Serra, pode melhorar muito mais... E mais rápido!

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